Arcebispo processa artista plástico por causa de exposição no Marco

Midiamaxnews, 10 de junho 2006

Paulline Carrilho

O arcebispo de Campo Grande, Dom Vitório Pavanello, entrou com uma ação cautelar, na 4º Vara Cível da Capital, contra o artista plástico Evandro Prado. A ação que será analisada pela juíza Denise de Barros Dódero foi protocolada pelas advogadas Maria Elípia Ferreira dos Santos e Maria Elipia Ferreira dos Santos na última quarta-feira (dia 7).

Desde a abertura de sua exposição “Habemus Cocam” no Marco (Museu de Arte Contemporânea), Evandro está sendo atacado pela alta cúpula da Igreja Católica, sendo acusado de blasfêmia e profanismo, já que as obras retratam o consumismo através de imagens sacras, aliando a Coca-Cola (considerado pelo artista como símbolo máximo do consumismo) à imagem de papas e santos católicos. Procurada pela equipe do Midiamax, a advogada do arcebispo, Maria Elípia Ferreira dos Santos, preferiu não comentar o teor da ação.

Somente neste sábado, ao ser procurado, que o artista plástico Evandro Prado ficou sabendo da ação. “Estou chocado. Não sabia disso. Eles repudiaram a exposição, mas afirmaram que não iam entrar com nenhuma medida judicial. É claro que eles têm a sua razão, estão no seu direito, mas eu já expliquei que a exposição não tem nenhuma ofensa ao catolicismo”, afirmou surpreso.

No último dia 26 de maio o arcebispo divulgou uma nota de repúdio contra a exposição, que fica aberta no Marco até o dia 30 de junho. Na nota Pavanello afirma que: “O artista, na intenção de corrigir ou atacar o consumismo reinante na sociedade atual, usou de meios ilícitos para criticar uma sociedade consumista. (...) A arquidiocese lamenta também, ter o Governo Estadual, através da Secretaria da Cultura, apoiado tal exposição, cedendo espaço para ela, sabendo ferir os sentimentos religiosos de milhares dos seus cidadãos”.

Evandro Prado afirmou que irá procurar um advogado e recorrer da ação, independente do pedido judicial feito pelo arcebispo. "Assim como eles têm direito de me processar, eu também posso recorrer da ação, ainda mais porque eu não estão maculando nenhuma imagem sagrada, estou apenas aliando a arte ao sacro", revelou o artista plástico.