Artista plástico é mal interpretado

Paliteiro, Jornal Laboratório de Jornalismo da UFMS, 20 de maio de 2006

Tainara Rebelo e Patrícia Belarmino

No dia 11 de maio, teve início no MARCO (Museu de Arte Contemporânea) a exposição “Habemus Cocam”, do artista plástico Evandro Prado. A obra é composta por telas, assemblagens, gravuras e objetos representando 3 segmentos: a religião, o comunismo e a arte publicitária.

A exposição está sendo alvo de diversas críticas, já que muitos por não terem um bom conhecimento de arte contemporânea podem não conseguir entender o que está sendo nelas retratado, mas isso, para o artista, já era esperado. Ele mesmo afirma que tem por objetivo questionar as pessoas a respeito da realidade consumista, onde há uma inversão de valores muito grande. Alguns integrantes da sociedade estão dizendo que a exposição é uma blasfêmia, uma piada, porém, o artista diz que é uma denúncia da troca de valores que está acontecendo na nossa sociedade.

Implícitas por uma dialética Marxista, as obras dessa exposição de Evandro, iniciam-se na parte religiosa, que por sinal, é a mais criticada. Elas representam a criação do capitalismo (representado pela Coca- Cola) por Cristo (uma vez que este criou tudo na Terra) refletindo assim na religião do consumo, a qual está em voga nos dias de hoje. Por meio das pinturas e assemblagens, ele fala da supervalorização das marcas pela sociedade, que acaba deixando a fé cair na banalidade e passa a buscar nas lojas dos shoppings o que antes era buscado nas Igrejas, refúgio.

Na parte que fala do comunismo, ele apresenta Cuba como uma sociedade modelo, superior às sociedades capitalistas existentes, que são, para ele individualistas e pessimistas. Tudo isso é feito através de um estética publicitária recheada de ironia, como por exemplo, a frase “Cuba Libre” grafada com as letras da Coca-Cola.

Nos quadros em que são expostos fragmentos da obra Guernica, de Pablo Picasso, o artista faz um contraponto com as frases otimistas das embalagens de Coca-Cola, sendo assim, há a representação da realidade, onde pessoas passam fome, acontecem guerras, versus a publicidade enganadora, que sempre apresenta frases otimistas.

Simultaneamente, no Itaú Cultural, em São Paulo, o artista participa de uma mostra, onde seu trabalho está repercutindo de outra maneira. Ele recebeu, inclusive, uma carta de solidariedade da curadora e coordenadora do “Rumos”, Aracy Amaral, um dos nomes mais conceituados em História da Arte no Brasil, na qual a pesquisadora afirma ser a obra muito mais uma crítica social da que uma crítica religiosa.

Evandro convida àqueles que estão criticando suas obras para visitá-las e entende-las antes de julga-lo, e ainda se disponibiliza a auxiliar no compreendimento das mesmas.

A exposição está prevista a ficar até o dia 30 de junho, no MARCO, situado na rua Antônio Maria Coelho, nº 6000, no Parque das Nações Indígenas. O horário de funcionamento é de terça a sexta-feira, das 12 às 18h e aos sábados, domingos e feriados, das 14 às 18h.

Maiores informações sobre o artista podem ser encontradas em seu site. www.evandroprado.com.br