Mostra polêmica sobre religião e consumo percorre o País

Campo Grande News, 20 de junho de 2006

Paulo Fernandes

A exposição Habemus Cocam, do artista plástico Evandro Prado, há mais de um mês no Marco (Museu de Arte Contemporânea), em Campo Grande, irá percorrer várias cidades do país. O artista de Campo Grande foi um dos 30 selecionados, de 1.350 inscritos, para participar do Salão Nacional de Arte de Goiás. Ele foi irá levar as obras para serem expostas naquela cidade no período de 15 de julho a 6 agosto.

São 21 pinturas e 13 objetos (montagens de materiais) em que a coca-cola toma lugares sagrados. O refrigerante é ironicamente santificado aparecendo nas mãos do papa João Paulo II, morto; e substituindo figuras sagradas, como a Virgem Maria e até mesmo os Sagrados Corações de Jesus e Maria.

O trabalho é baseado em um texto do Frei Beto, chamado Religião do Consumo, em que é condenado o culto pela sociedade de marcas. As obras causaram polêmica e foram intensamente criticadas pela Igreja Católica, que pediu a retirada da exposição.

As obras também serão expostas em Brasília (DF), na Casa da Cultura da América Latina, na galeria da UNB (Universidade de Brasília). Apenas 25 artistas foram selecionados para essa exposição. Evandro é o único de Mato Grosso do Sul. A exposição dele ficará em Brasília no período de 10 de agosto a 6 de setembro.

O sucesso do artista de Campo Grande não acaba por aí. Evandro participará também da exposição Rumos - paradoxos do Brasil, do Itaú Cultural. Essa exposição vai para Rio de Janeiro no período de 14 de julho a 6 de agosto e irá para Goiânia no final do ano. Ele ficou entre os 78 selecionados para participar do projeto. Foram 1.342 inscritos. “Essa exposição é a mais importante de mapeamento de arte emergente”, diz o artista de Mato Grosso do Sul.

“Essa exposição tem respaldo nacional. É uma aceitação. Não é uma brincadeira de um cidadão de que ‘acha que sabe fazer arte’, como disse o vereador Paulo Siufi”, afirmou. O parlamentar foi responsável por uma nota de repúdio contra a exposição.

“Meu trabalho é engajado. Não é de uma leitura fácil. Ele tem mensagem política e social”, diz. Segundo Evandro, as críticas são válidas, mas vieram de pessoas que não conseguiram compreender o verdadeiro sentido da arte.