Processo contra artista é arquivado pela Justiça

A exposição “Habemus Cocam” teve ação movida pela igreja católica que a acusou de vilipêndio à imagem sacra

Jornal Correio do Estado, 24 de setembro de 2006

Michelle Rossi

Muito foi falado e pouco foi racionalizado sobre a mostra "Habemus Cocam", de Evandro Prado que ficou em exposição no primeiro semestre no Museu de Arte Contemporânea (Marco) e recebeu duras críticas da comunidade católica de Campo Grande. A ação criminal, postada pela comunidade contra o artista, foi arquivada na última quinta-feira em decorrência do pedido da própria promotoria.

A audiência, que seria a primeira a discutir o suposto caso de vilipêndio de Evandro a imagens sagradas, foi breve e decisiva. "A promotoria disse simplesmente que gostaria de arquivar o processo", informou o artista, acrescentando que sempre demonstrou tranquilidade com relação à ação movida contra ele. "Eu sabia que nada poderia ser feito porque a minha intenção não era vilipendiar imagens sacras, mas sim fazer críticas à sociedade consumista".

Caso resolvido aqui em Campo Grande e a mostra "Habemus Cocam", enquanto isso, esteve recentemente em Brasília na Casa da Cultura da América Latina, onde nenhuma reclamação foi registrada, segundo Evandro. "Nem de católico ou de pessoas da comunidade", informa.

A série que esteve em exposição no Marco é composta por pinturas que associam símbolos do capitalismo, como a Coca-Cola a imagens sacras. Segundo o artista, elas fazem reflexão do consumismo enquanto religião na sociedade contemporânea.