Artistas de todo o País participaram do Arte Pará 2008

Ontem, saiu a lista dos 44 selecionados para o Salão, que começa a 9 de outubro

Orm News, 9 de setembro de 2008

Carolina Menezes

Não foi uma tarefa fácil, e era isso mesmo o que se desejava, que não fosse. Os cinco jurados escalados para dar conta das inscrições ao Arte Pará 2008 - Marisa Mokarzel, Jorge Eiró, Paulo Reis, Oriana Duarte e Marília Panitz - passaram praticamente dois dias inteiros analisando as centenas de dossiês recebidos pela Fundação Romulo Maiorana (FRM) nos últimos dois meses. Depois de muito debate entre jurados e curadores, saiu a lista oficial de artistas e obras selecionados para a mostra final, que começa no dia 9 de outubro em quatro diferentes espaços da cidade. A relação pode ser conferida ao final desta matéria e mostra que, este ano, o salão estará repleto das mais diferentes influências e de vários pontos do Brasil.

Ao todo, foram 44 artistas e 87 obras selecionados nas categorias assemblage, desenho, digital, fotografia, instalação, intervenção urbana, mista, objeto, performance, pintura, vídeo e vídeo-instalação. Agora os artistas selecionados têm do dia 9 a 27 de setembro para enviar as obras para a Fundação Romulo Maiorana, no mesmo endereço de envio dos dossiês (Avenida 25 de Setembro, 2473 - Marco - CEP 66093-000). Para os artistas de fora, vale lembrar que só serão aceitas obras com postagem até o dia 27. No dia 9 de outubro começa a mostra final no Museu de Arte Sacra, Museu Goeldi, no Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA) e no Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP), sendo que um dia antes, 8 de outubro, acontece a premiação dos grandes vencedores do Arte Pará.

A seleção aconteceu entre os dias 5 e 6 de setembro, no MHEP, quando os cinco jurados, juntamente com os curadores Alexandre Sequeira, Emanuel Franco e Orlando Maneschy, se debruçaram sobre todo o material recebido para dali retirar os selecionados. 'Nossas expectativas foram superadas, com certeza. São olhares bem diferentes, bem abrangentes, até porque vimos material do Brasil inteiro', afirma Oriana, que é artista plástica e professora do Departamento de Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPB).

Marília Panitz, curadora brasiliense, define os dois dias de seleção como momentos de muito trabalho e muita discussão. 'São muitas questões, muitos nomes novos, tanto do cenário local quanto do cenário nacional, e isso é bom porque traz um ar novo, um frescor novo para o evento. O material que analisamos não chegam a caminhar para o exotismo, mas são de natureza mais livre e sempre dentro do que se entende por contemporâneo. Foi um grande exercício estar nessa seleção', reforça.

'São trabalhos muito interessantes, bem dentro do que eu esperava', confirma o professor do Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e curador independente, Paulo Reis. 'Nesse momento de inscrição, existe uma boa representatividade nacional, são vários materiais de fora. Como em todo o salão, pegamos obras muito boas e obras que deixaram a desejar. O portfólio é uma coisa que ajudou muito porque a gente podia, através de todo aquele material, entrar um pouco na cabeça do artista, entender o que ele queria dizer com aquele trabalho', elogia o jurado.

A jurada Marisa Mokarzel, curadora do Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA) segue a mesma linha de Paulo na explicação. 'Acho que todos recebemos materiais muito bons, dentro do esperado, e sempre há aquilo que está aquém e aquilo que está além, até mesmo pela quantidade, são muitos dossiês. Algo que percebi dentro desse material ‘aquém’, e em mais de uma situação, é que o artista tinha uma boa idéia, um bom planejamento, mas algo acontecia durante a execução que tornava o produto final insuficiente, como se faltasse um aprofundamento maior nele', avisa.

Jorge Eiró, artista plástico e jurado desta edição do Arte Pará, aponta uma característica, não muito positiva em sua opinião, que notou em alguns trabalhos recebidos. 'Me incomodou perceber alguns artistas quererem ‘demais’ dar conta do universo contemporâneo com propostas de densidade, mas falharem na parte técnica, na plasticidade do resultado final. Arte contemporânea não é vale tudo, não é verdade aquela coisa de que tudo pode ser arte, não é assim que funciona. Acho que falta uma curiosidade por parte dos artistas, para que haja um aperfeiçoamento na execução do trabalho', diz o paraense.

Um dos três curadores da 27ª edição do Arte Pará, Alexandre Sequeira ressalta que apareceram muitos nomes novos ao lado de nomes consagrados da arte contemporânea local e nacional em meio às inscrições. 'Isso é muito bom porque refresca a discussão, aparecem trabalhos novos, sem ‘vícios’, o que significa que não estaremos discutindo sobre as mesmas questões', afirma.