Capital tem seis mostras com acesso gratuito

Jornal O Estado de MS, 7 de maio de 2008

Manuela Barem

Público pode conferir quadros e instalações em diversas técnicas de 42 artistas de MS

O momento é propício para quem “curte” artes plásticas. Seja em óleo sobre tela, grafite, lápis de cor, foto, tecido, gravura ou qualquer outro material. Sã nada menos do que seis exposições em cartaz em diversos espaços de Campo Grande (veja infográfico nesta página). “Corpo, Arte e Rito”, da artista plástica Mayana Rodrigues, e “Acho Que o Caminho Começa Quando nos Encontramos”, de Húldo Trefzger Júnior, podem ser conferidos na Grande Galeria do Memorial da Cultura e da Cidadania.

As obras de Húldo Trefzger são feitas em acrílico sobre tela, para, segundo o autor, expressar a realidade, as fases, os sonhos e os fascínios da vida, entre outros temas. Já Mayana Rodrigues descreve sua produção como um trabalho com a arte primitiva. Remetendo ao corpo feminino, as esculturas de Mayana são feitas em resina de poliéster pigmentada de preto, com adornos e vestes feitos de palha de buriti, casca de coco e ossos. A exposição permanece no local até o dia 6 de junho.

Com temporada menos longa, porém não menos importante, estão expostos até o dia 3 de maio os quadros de Lídia Baís na casa onde a artista campo-grandense morou com sua família e onde é conservado seu quarto de dormir. Quem visitar a Morada dos Baís até o período poderá conferir obras com influências dos estilos acadêmicos e surrealistas. Dos 12 quadros em óleo sobre tela expostos, nove fazem parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea (Marco) e os demais integram o acervo da própria Morada. O destaque da mostra vai para o quarto da artista e a obra “Alegoria”, com tons fortes e ilustrações surreais. Os quadros não estão à venda.

Ainda na Afonso Pena, do outro lado da rua, está o Espaço Arte e Cultura, no primeiro andar do Camelódromo da Capital. Lá o visitante pode conferir a exposição “Retratos e Caricaturas”, que reúne ilustrações de 13 desenhistas, chargistas e cartunistas da Capital. A exposição faz uma homenagem a cinqüenta personalidades da sociedade sul-mato-grossense, cultura, política e jornalismo. Obras de Acir, Celso Arakaki, Eder, Emmanuel, Luciano Alonso, Maíra Espíndola, Marcos Borges, Ricardo Mayeda, Wanick Corrêa, Zé Fiuza, André Martins e Renzzo Giz ficarão expostas no local até o dia 2 de julho.

O evento é coordenado pela Fundação Municipal de Cultura (Fundac). Chamam atenção as caricaturas de Zé Fiúza, Wanick Corrêa, Renzo Gizz, Maíra Espíndola e Emmanuel. Dentre as mais belas obras estão as que retratam a violeira Helena Meirelles e a artesã Conceição dos Bugres, ambas assinadas por Emmanuel (capa).

A região central da Capital sul-mato-grossense conta também com exposições no Centro Cultural José Octavio Guizzo. Em março, a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) inaugurou no local a sala Inês Corrêa da Costa, criada para receber obras do acervo do Marco. Quem inaugura a exposição é a gravadora Vânia Pereira, que expõe com suas xilogravuras no local.

Xilogravura é uma técnica em que são feitos sulcos em madeira para criar um desenho em alto relevo, que recebe camadas de tinta para serem gravadas em papel. As mais belas e interessantes “xilos” de Vânia são as coloridas. A exposição fica em cartaz até o mês de junho e as obras não estão à venda.

No Armazém Cultural, localizado no antigo complexo ferroviário da Capital, 13 artistas apresentam sua arte ao público dentro da oitava edição do “Arte de Campo Grande”. Há obras em forma de esculturas dos artistas Clara Rahe e Nantes, mosaicos de Noyde Pael e quadros de Isac Saraiva, Elen Senna, Wanda Fiori, Paulinho Cezimbra, Jeldson Araújo, Luiz Xavier, Eli Moraes, Antonieta Paes de Brito e Fausto Furlan.

A mostra ainda tem quadros com a técnica grafite Família Campão, formada pelos grafiteiros Mão, Ravinos, Tofu, Car, Anão, Pé de Pano e Gnomo. Os quadros dos grafiteiros inovam ao integrar uma exposição com grande características acadêmicas, com obras na maioria das vezes pouco inovadoras. Outro que se destaca é Jeldson Araújo, que mescla em seus quadros surrealismo com natureza e cotidiano sul-mato-grossense. A exposição tem visitação aberta ao público até 11 de maio.

Por fim, as atuais mostras do Marco fecham o rol de exposições que merecem atenção do público. As fotos de “Índia – Quantos Olhos Tem Uma Alma”, do fotógrafo campo-grandense Marcelo Buainain provocam emoção em quem as contempla. As fotografias apresentam um pouco do cotidiano religioso e tão particular do país e contam com explicações e comentários do autor. A exposição documenta três das cinco viagens realizadas por Marcelo à Índia entre os anos de 1997 e 2000. Ao todo, são 61 fotos em preto e branco, no tamanho médio de 50cm por 60cm.

“Estandartes”, nova série do artista plástico Evandro Prado também gera curiosidade. Sempre polêmico, desta vez Evandro tenta provocar o espectador da sua obra em três sentidos diferentes: utilizando um elemento simbólico das tradições religiosas, que é o estandarte, misturando as figuras de santos com armas e outros materiais que simbolizam violência e reunindo tudo na delicadeza de um trabalho feito a mão. Ele utiliza tecidos baratos e comuns a muitas casas brasileiras, bordados com materiais fáceis de se encontrar em qualquer armarinho.

Mais uma vez, uma exposição que dá prestígio à maturidade de experimentação artística de Evandro. E na Grande Sala do Marco, obras do acervo do museu, assinadas por 12 artistas compõem um cenário heterogêneo com esculturas e instalações. Com destaque para “Taxidermia de João Silvino e Sua Prole”, do artista plástico Douglas Colombelli. Obra de arte agressiva e curiosa.