O Centro Cultural José Octávio Guizzo apresenta a exposição do jovem e polêmico artista plástico “Evandro Prado”.
A exposição intitulada de “Alegorias Proféticas”, apresenta obras que retratam os símbolos religiosos, sendo que o interessante, é que ao lado de cada peça uma caixa traz um pequeno trecho do livro bíblico “Apocalipse”, para fazer os visitantes refletirem sobre as ações do dia-a-dia.
As obras de Evandro são criações contemporâneas e até foram criticadas pelo Crítico de Arte de Goiás “Divino Sobral”, que definiu a exposição como uma seqüência da leitura do artista sobre os símbolos religiosos, abrindo o diálogo entre o texto bíblico e a iconografia sagrada.
Durante a abertura da exposição, o artista fará o lançamento de camisetas com estampas da polêmica série “Habemus Cocam”, que até hoje o caso permanece arquivado. O artista é acusado pelo Arcebispo da Capital, Dom Vitório Pavanello, de causar impacto moral e emocional negativo na comunidade local, especialmente na religiosa católica, já que as obras misturam latinhas e logotipos do refrigerante da marca Coca-Cola com imagens de santos, o que caracterizaria desprezo às imagens sacras.
As obras de Evandro já foram conferidas em vários Estados como, Distrito Federal, Ceará, Mato Grosso, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Pará, Amapá e Minas Gerais, sempre levando o nome da cultura sul-mato-grossense para outros locais. As fotos das obras de Evandro podem ser conferidas através do portal eletrônico do artista.
A exposição “Alegorias Proféticas” será aberta na próxima quarta-feira (13/08), às 19:30, e ficará exposta te o dia 14 de setembro, na Galeria Wega Nery do Centro Cultural José Octávio Guizzo, localizado na rua 26 de Agosto, nº 453. Mais informações através do telefone 3317-1792.
Em entrevista exclusiva ao site de cultura regional “Ensaio Geral”, Evandro falou sobre a polêmica e a repercursão da exposição “Habemus Cocam”, sobre a nova exposição “Alegorias Proféticas” além de falar sobre os projetos futuros. Confira.
Ensaio Geral: Com quantos anos você percebeu que seria um artista plástico? Como você percebeu?
Evandro Prado: Aos 15 anos, fiz minha primeira exposição de pinturas, já nessa época decidi que queria fazer faculdade de Artes Visuais e que iria ser mesmo um artista.
EG: O que você gosta de pintar?
EP: Não gosto só de pintar, faço arte em diversos suportes, como a própria pintura, objetos, desenhos, vídeos e bordados, mas, meu trabalho é uma pesquisa poética sobre o nosso tempo, sobre essa sociedade ocidental e cristã tão cheia de paradoxos.
EG: Você gosta de ser lembrado através da polêmica que gerou a exposição “Habemus Cocam?
EP: Gosto sim! Acho muito engraçado ser lembrado sempre como “polêmico”, isso me diverte. Mas o que gosto mesmo é de saber que fiz um trabalho que chamou a atenção das pessoas e que mesmo mais de dois anos depois, todo mundo lembra da “Nossa Senhora Coca-Cola”.
EG: De onde veio a idéia da exposição “Habemus Cocam”?
EP: Vem de toda uma vivência artística, mas, principalmente como reflexo de um documentário sobre consumismo chamado “surplus”, que assisti em 2004.
EG: Foi difícil passar pela crítica da época? Você foi censurado por visitantes, sem considerar os manifestantes católicos?
EP: Sim! Foi muito difícil superar as críticas, mas, sempre me mantive muito tranquilo. Fui repudiado pelo bispo, por vereadores e deputados, no entanto, sempre tive o apoio da classe artística, da minha família e dos amigos!
EG: Você pertence a alguma religião? Qual?
EP: Não pertenço a nenhuma religião. Não acredito na fé institucionalizada!
EG: Acha que a religião interfere na escolha do tema de uma exposição de arte?
EP: Tive criação católica, sou batizado, fiz primeira-comunhão, frequentei missas, tudo isso influencia minha arte, a estética católica sempre me encantou como continua me encantando.
EG: Depois da polêmica que gerou a exposição “Habemus Cocam”, por que você decidiu expor outra exposição envolvendo imagens da igreja católica?
EP: A iconografia católica tem sido minha pesquisa artística desde antes da “habemus cocam”, com por exemplo a série “fé na tábua”, depois a série “corpus christi” e a “estandartes” agora a “alegorias proféticas” dá continuidade a minha pesquisa, é uma exposição que sobre o livro bíblico apocalipse, como o nome diz, são “alegorias proféticas do fim do mundo”!
EG: O que você pretende passar com a exposição “Alegorias Proféticas”?
EP: Quero que as pessoas visitem a exposição e reflitam sobre o que estão vendo! É um trabalho diferente, tem novidades no suporte, na técnica, quero que cada um faça sua análise.
EG: Quais são seus planos para depois da exposição “Alegorias Proféticas”, que será exposta no Centro Cultural José Octávio Guizzo?
EP: Quero me mudar de Campo Grande e ir passar uma temporada em São Paulo. Provavelmente em outubro.
EG: Você já tem idéia para o tema de uma próxima exposição? Qual?
EP: Tenho idéia para um trabalho de vídeo, mas, ainda não uma exposição… é segredo!