Nova exposição de Evandro Prado representa ícones católicos

Unifolha, abril de 2008

DAIANE LÍBERO

Repórter do Unifolha visitou exposição ao lado do artista plástico

O nome da exposição “Estandartes” não poderia ser mais significativo e ilustrativo. Visitar a nova exposição do artista Evandro Prado, é como adentrar no meio de diversas bandeiras e estandartes que são carregados em procissões católicas por milhares de pessoas.

Evandro conta que a idéia de estampar colagens com iconografia religiosa em tecidos surgiu quando ele começou a mexer com colchas e retalhos. Depois, começou a concepção do trabalho, que foi desenvolvido entre janeiro desse ano até o presente momento. Os tecidos de fundo dos estandartes são de sofás e colchas, e alguns deles podem ser identificados pelo público, pois são panos de uso comum. Segundo Evandro, isso é altamente intencional. A identificação pessoal com a obra não para por aí, pois os santos, papas e as figuras de Jesus retratadas na obra são inspiradas naqueles “santinhos” de papel que caem em nossas mãos quase o tempo todo.

O que chama a atenção, além da não-obviedade da exposição, que mostra a temática já presente no trabalho do artista, que é a Igreja como um mecanismo opressor e falho inserido no contexto de vida social, são as aplicações de pregos, ferrugem e balas de revólver, além de medalhinhas e outros objetos, em meio às imagens sacras. Os mártires religiosos se misturam à ferrugem dos pregos, o que nos remete à ferrugem da própria igreja ao longo da história.

Olhando de longe, as formas tornam-se mais nítidas, devido à costura intencional com linhas grossas e mal-acabadas. Um papa sem rosto segura uma foice. Quem recebe e se despede do público é São Jorge com correntes atadas sobre o vermelho, a palavra “pecado” pairando sobre ele.