Novas fronteiras

Artistas da terra se aventuram em outros Estados movidos pelo desafio de impulsionar a carreira ou fazer novos contatos

Jornal Correio do Estado, 17 de abril de 2011

THIAGO ANDRADE

"Navegar é preciso; viver não é preciso”. Nesse espírito de incertezas e aventura, há quem prefira se atirar no mundo, deixando para trás os amigos, o trabalho e a cidade natal, buscando novas oportunidades. Quando se trata de artistas, a necessidade de se renovar é ainda mais eminente. Alguns partem em busca de novos desafios, outros de mais diversidade cultural, assim como há aqueles que vão e voltam o tempo inteiro, procurando mesclar a cultura de um canto com a arte de outro.

O artista plástico Evandro Prado foi um dos que decidiram deixar Campo Grande para enfrentar novos desafios e encontrar mais diversidade. “Chegou um momento na minha carreira, e na minha vida, que eu tinha tudo que esperava. Meu trabalho havia sido exposto na principal sala do maior museu da cidade, gerando uma polêmica enorme, que acabou tornando meu nome conhecido. Decidi ir embora porque queria saber até onde eu poderia ir”, aponta o artista de 25 anos, que mora em São Paulo desde outubro de 2008.

Depois da série “Habemus Cocam”, exposta no Museu de Arte Contemporânea (Marco) de Mato Grosso do Sul, em 2006, Evandro começou a se preparar para ir embora. “Pensei em São Paulo, era a terra das oportunidades. O que ninguém lembra nessas horas é que assim como há muitas oportunidades, a concorrência é enorme”, descreve. Ao chegar à Capital paulistana, o artista conhecia apenas duas pessoas. “Só melhorou depois que comecei a fazer um curso de artes visuais. Lá conheci mais artistas e voltei a produzir”, conta.

Ao final de 2010, Evandro trouxe para Campo Grande a exposição “Marco alugado”, do coletivo Aluga-se, grupo com o qual passou a trabalhar em São Paulo. “É difícil conseguir exposições individuais por aqui, os artistas se reúnem para ganhar força e visibilidade. Nisso surgiu o grupo. Agora, estamos com um novo projeto. ‘Até meio quilo’, no qual temos que produzir obras que possam ser enviadas por Sedex e pesem menos de meio quilo. É uma maneira de democratizar as exposições”, pontua Evandro, que não tem planos de retornar à Capital tão cedo. Segundo ele, em uma metrópole com mais de 10 milhões de habitantes, o número de produções é muito grande. “Existe muita crítica, muita gente discutindo arte. Isso é muito bom para o trabalho”, descreve.