Evandro Prado | JB Goldenberg Escritório De Arte

DasArtes, 22 de junho de 2017

São Paulo

22/06/17 à 30/07/17

Abertura: 21/06/17 às 19:00h

Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira, Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira das 10:00h às 18:00h

Sábados das 11h as 14h

Rua Tinhorão, 69 – Higienópolis


O artista Evandro Prado inaugura na Galeria Jairo Goldenberg, a exposição “Sem berço”. Trata-se da primeira individual do artista sul mato-grossense em São Paulo, que apresentará pinturas a óleo, objetos e uma instalação na fachada da galeria em Higienópolis.

Os trabalhos dessa exposição suscitam reflexões sobre a formação da sociedade brasileira. A discussão conceitual busca expor as contradições de um país continental, rico e belo, mas colonizado, explorado, devastado pela cobiça. Um país de extremos, desigual, formado por paradoxos. Abençoado pela Igreja Católica e dirigido por uma oligarquia pretensiosa que fez riqueza a partir do sangue dos nativos e do trabalho de homens negros escravizados. O artista é provocativo e suas pinturas são inquietas. Proporciona êxtase e mal-estar ao colocar em cheque a história “oficial” e seu culto aos “heróis” da nação.

Na fachada da galeria, um anjo alado com uma auréola azul de neón, segura em suas mãos um machado vermelho, também de neón. Neste jogo de contradições, Prado utiliza da figura do anjo e do machado para anunciar a conquista do “novo mundo” e a devastação que se seguirá. É o arauto que proclama o descobrimento do Brasil e dá boas vindas a exposição.

Entre as pinturas, destaca-se o busto de D. Pedro I, semelhante a centenas de outros bustos de chefes políticos que estão espalhados por todas as praças do país, expostos as intempéries e servindo de banheiro para os pombos. Também temos uma pintura do proclamador da República, Marechal Deodoro, o qual está de cabeça para baixo, sendo carregado por corvos. Duque de Caxias, comandante militar durante a Guerra contra o Paraguai, também é colocado em um ambiente frágil, sua figura está no alto de um monumento de madeira com uma estrutura pífia, cenográfica. O conceito do artista é expor a fragilidade que permeia estas figuras do poder. Os trabalhos fazem referência a construção de uma memória nacional que privilegia o culto aos “grandes homens”, líderes militares ou chefes políticos.

Prado não deixou de lançar sua crítica a atuação da Igreja Católica, que durante o período colonial apoiou e colaborou com a escravidão dos povos negros. A tela com os anjos barrocos carregando crânios deixa bem clara esta relação. A pintura que apresenta a imagem de uma santa coberta por um saco de lixo preto e outra que traz a imagem Jesus “sem cabeça”, buscam evidenciar que a Igreja fingia não enxergar a cruel realidade que ela legitimava.