O Não-Futuro do Brasil

EzataMag, 23 de agosto de 2019

Evandro Prado é um artista sul-mato-grossense de 33 anos sempre inquieto com um sistema que oprime e exclui. Sua obra já passou pela critica à Igreja Católica e a uma grande marca de refrigerantes e estampou a misoginia do processo que tirou a ex-presidente Dilma Rousseff do poder em 2017 – em cartaz no Centro Cultural São Paulo (CCSP), capital paulista, até o dia 25 de agosto.


A mudança de ventos políticos no Brasil de 2019 motiva ainda mais as provocações de Evandro, que agora expõe o não-futuro de uma nação com uma capital federal em ruínas no Sesc de Campo Grande (MS) até 31 de outubro. O futuro pode parecer nebuloso, mas a Arte estará lá, garante Evandro.


Ele fala um pouco mais sobre como usá-la como resistência:


A arte sempre foi usada de certa forma como protesto, mas você acha que ela tem ficado mais militante nos últimos tempos? Por quê?

Não diria que seria exatamente como “protesto”, mas vejo que os artistas ao longo da história da arte sempre foram “antenas” da sociedade que lançaram alertas, questionamentos, provocações ao seu tempo. Por isso, assim como na Ditadura, os artistas estão sendo atacados, são tratados como inimigos do Estado. Logo, estão reagindo a esse ataque.


Como isso influenciou na sua obra?

Meu trabalho sempre foi político, provocador e questionador. Não consigo produzir algo que não seja relacionado ao que eu acho que precisa ser dito! Ainda mais neste momento de crise política, econômica, moral, cultural, etc…


A arte pode ser domesticada? Como manter a liberdade?

Os artistas vão buscar formas de se expressarem e ser vistos, ouvidos… a necessidade de produzir é sempre mais forte. A Arte jamais poderá ser domesticada.


Pensando em resistir e existir no futuro, qual sua próxima ideia como artista? Como sua arte responderá ao mundo atual?

Pro futuro, continuo produzindo trabalhos acerca da crise política do Brasil. Estou com uma exposição no Sesc Cultura de Campo Grande, onde os trabalhos de pinturas a partir da arquitetura de Brasília discutem o não-futuro do Brasil, apresentando uma capital em ruínas.


Quais três artistas atuais merecem ser vistos?

Ivan Grilo, Paul Setúbal e Tatiana Blass.


Centro Cultural São Paulo

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Sesc Campo Grande

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