Desmonumentos / Monumental (2021)

por Edouard M.M. Saubidet

A arte atual se amotina e conspira em massa contra o sistema. Humaniza-se e desmonta a máquina com seu hálito e suor. Carrega consigo as bandeiras daqueles que no passado se levantaram contra o establishment e recomeça a luta sabendo que faz parte da comunidade de pensadores livres dispostos a pegar o touro pelos chifres. O artista atual é o suricato que fica alerta aos perigos e ameaças. Anota e deixa sua marca, declarando com sua produção a sucessão de eventos.

À frente do seu tempo, Evandro Prado despejou sua tinta, figurando o imaginário de uma ruptura definitiva. Deslocou as imagens de uma configuração sociopolítica exaurida em seu discurso estrangeiro e dominante. Suas obras se tornaram prenúncios do que está por vir e hoje são o testemunho de uma identidade sul-americana que se recusa a viver sob o assédio e segundo os parâmetros alheios.

Até aqui veio a imposição de elogios aos pioneiros. Rolam as cabeças de metal pesado. Diante dos silenciados que reivindicam seu lugar, caem os corpos rígidos daqueles que não representam seus ideais milenares.


Edouard M.M. Saubidet

Buenos Aires, dezembro de 2021